domingo, 30 de maio de 2010

Projeto de formação de professores em procedimentos de leitura

 

Projeto de formação de professores em procedimentos de leitura

Ensine os professores de todas as disciplinas a desenvolver a competência leitora nos alunos

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Saber ler é uma habilidade necessária para aprender e, por isso, os professores de todas as disciplinas devem ter como foco de seu trabalho desenvolver a competência leitora nos alunos. Este encarte - desenvolvido com exclusividade para NOVA ESCOLA GESTÃO ESCOLAR por Claudio Bazzoni, assessor de Língua Portuguesa da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo - traz o primeiro módulo do projeto Ler em Todas as Áreas. Com ele, será possível criar na escola alguns procedimentos comuns para que todos se tornem leitores eficientes.
Projeto Ler em Todas as Áreas

1º módulo: Grifos e Fichamentos
Objetivo geral
Formar professores de todas as áreas, do 6º ao 9º ano, para o trabalho de leitura e o ensino de procedimentos de estudo.
Objetivos específicos
- Ensinar o aluno a estudar.
- Discutir situações didáticas de leitura em contexto de estudo.
- Refletir sobre estratégias que favoreçam o domínio de algumas práticas de linguagem ligadas ao estudo.
- Ter contato com bibliografia sobre gêneros de apoio à leitura.
Conteúdos do 1º módulo
Grifar textos e fazer fichamentos.
Tempo estimado
Três meses.
Material necessário
Cópias do texto Alguns Procedimentos de Apoio à Leitura e o texto O Resumo, de Isabel Solé, do livro Estratégias de Leitura, Ed. Artmed.
Desenvolvimento
1ª etapa - Debate
Para mobilizar os professores para o trabalho de leitura e procedimentos de estudo, comece discutindo as representações que eles fazem das dificuldades que os alunos apresentam na hora de estudar. Proponha um debate que parta de questões como:
- Os alunos sabem estudar? Por quê?
- Que representações eles fazem do estudo?
- É possível ensinar procedimentos de estudos? Quais? Como ensiná-los?
- Quais procedimentos já foram ensinados?
Peça que os professores trabalhem em duplas e apresentem as conclusões a que chegaram para o grupo. Em seguida, organize um quadro com as respostas.
2ª etapa - Leitura compartilhada
As diversas visões sobre o que é um resumo ou um fichamento certamente levam a diferentes maneiras de ensinar a produzir esses gêneros. Essa diversidade, na mesma escola, pode fazer com que o aluno se perca em meio a uma confusão de orientações e expectativas. Para leitores em formação, o melhor é repetir procedimentos e insistir neles. Conduza a reunião da seguinte forma:
1. Forme grupos de no máximo três professores e peça que escrevam em papel craft ou cartolina as repostas às questões:
- O que é resumo? Que estratégias são boas para ensinar a resumir?
- O que é fichamento? Que estratégias são boas para ensinar a fichar?
- O que é esquema? O que é diagrama? Que estratégias são boas para ensinar fazer esquemas e diagramas?
- Como ensinar o aluno a grifar textos?
- O que é paráfrase?
- Quando fazer paráfrases e quando fazer resumos?
2. Discuta coletivamente as respostas dos professores, observando pontos comuns, divergências e incongruências. Durante o debate, é importante que todos percebam a necessidade de definir caminhos para ensinar a produzir os gêneros de apoio à leitura. É hora também de refletir sobre o papel da mediação do professor: não basta pedir aos alunos que grifem os textos ou façam resumos - é necessário ensinar-lhes como se faz.
3. Tire cópias do texto Alguns Procedimentos de Apoio à Leitura, distribua aos professores e peça que eles leiam e retomem os cartazes. Com uma caneta de outra cor, solicite que acrescentem as novas informações que consideraram relevantes.
4. Completados os cartazes, peça que cada grupo exponha as conclusões.
3ª etapa - Grifar textos
Retome a discussão da etapa anterior. Apresente a síntese do que foi discutido até então, dando ênfase às estratégias que já apareceram no grupo para ensinar a elaborar os gêneros de apoio à leitura. Nesta etapa, proponha algumas práticas de linguagem para o grupo, começando com grifar e sublinhar textos. Fazer com os professores atividades assim é a melhor maneira de combinar os procedimentos que devem ser adotados em sala de aula e tomá-los como objeto de reflexão. Assim, o professor vivencia a condição do aluno e depara-se com dificuldades que seguramente aparecerão em classe. É fundamental que a equipe perceba que grifar um texto não pode ser considerado uma atividade espontânea. Trata-se de uma construção escolar na qual o docente deve intervir ativamente. Escolha um dos textos da bibliografia de apoio para, junto com os professores, ler e grifar os tópicos essenciais com a finalidade de produzir um fichamento. Vale lembrar que resumir é uma atividade bastante usual para quem estuda e grifar ou sublinhar é a primeira fase para selecionar as ideias que farão parte dessa produção. Conduza a reunião da seguinte forma:
1. Organize os docentes em duplas, que é uma maneira interessante de trabalhar por permitir o debate e a negociação das passagens a ser grifadas.
2. Providencie para cada dupla o texto escollhido. A sugestão para esta atividade é O Resumo, de Isabel Solé (veja no quadro abaixo).
3. Lembre com os professores os passos que devem ser evitados e os que devem ser perseguidos na atividade de grifar, de acordo com o material trabalhado na etapa anterior.

4.
Os grifos devem ser feitos com lápis.
5. Explique que o objetivo do exercício é marcar as passagens que apresentam o processo mediante o qual, segundo a autora, é possível elaborar um resumo. Veja abaixo um exemplo de como um texto pode ser grifado, com alguns comentários:

O Resumo Isabel Solé

A elaboração de resumos está estreitamente ligada às estratégias necessárias para estabelecer o tema de um texto, para gerar ou identificar sua ideia principal e seus detalhes secundários.
Você poderia, neste momento, dizer qual é o tema deste capítulo? Poderia identificar as principais ideias que ele transmite? Considera que dispõe, com os passos anteriores, de um resumo do que leu até este momento?
É provável que você considere que "quase" tem o resumo, mas não totalmente: ou, em outros termos, que a identificação do tema e das ideias fundamentais presentes em um texto lhe dão uma base importante para resumi-lo, porém este - o resumo - requer uma concretização, uma forma escrita e um sistema de relações que em geral não derivam diretamente da identificação ou da construção das ideias principais.
Comentários
No primeiro parágrafo, a autora apresenta as relações entre resumo, tema e ideia principal. Observe que termos acessórios (como advérbios) podem ser dispensados. A expressão "ideia principal" abarca "detalhes secundários".
Não é necessário grifar nada no segundo parágrafo. A autora apenas provoca o leitor, para interagir com ele.
No terceiro, continua a interpelação, mas no fim aparece uma informação nova - a de que o texto do resumo pode não derivar diretamente da identificação ou construção das ideias principais.

Veja o texto de Isabel Solé com grifos e comentários.

4ª etapa - Revisão dos grifos
Discuta com os professores o exercício da etapa anterior. O que eles grifaram? Por que destacaram determinadas passagens em detrimento de outras? É importante que todos tentem explicitar os critérios adotados e que se chegue a um consenso do que deveria ser grifado. Em função da discussão, os professores podem apagar o que marcaram desnecessariamente ou grifar passagens do texto que não tinham sido sublinhadas.
5ª etapa - Fichamento
Proponha que os docentes organizem e registrem as informações elaborando um fichamento. Essa atividade começa com a retomada do objetivo de leitura proposto e com a releitura do que foi grifado. Num fichamento, é importante aparecerem a referência bibliográfica, a explicitação do tema, as informações essenciais sobre questões específicas e as observações complementares. Apresente o seguinte modelo para a elaboração do fichamento:

Referência bibliográfica

Tema do texto:

Ideias importantes:

Observações complementares:

6ª etapa - Discussão das produções
Dedique esta etapa à socialização dos trabalhos, conversando sobre as dificuldades enfrentadas. Eles vão perceber que para fazer o fichamento com base em grifos é necessário reorganizar o texto, observando o uso dos elementos coesivos e a coerência textual. É preciso observar ainda se o fichamento preserva o significado do texto do qual procede e se as informações registradas atendem ao objetivo específico de leitura.
7ª etapa - Planejamento do professor
Inicie esta etapa retomando os procedimentos propostos para grifar e fichar textos. Solicite que cada professor escolha um texto de sua área que pretenda trabalhar em sala de aula para que eles mesmos façam os grifos e o fichamento. Esse exercício é fundamental para que os docentes se apropriem das atividades que posteriormente proporão à turma e antecipem o trabalho que pretendem desenvolver. Será possível perceber as dificuldades que os alunos enfrentarão, as ideias que podem ser escolhidas como principais e, principalmente, os critérios que serão adotados para marcar ou não passagens do texto. Esta etapa e a seguinte ocuparão mais de um encontro.
8ª etapa - Exercício do professor
Nas últimas reuniões, distribua a todos cópias dos textos escolhidos na etapa anterior. Cada docente deve mostrar como grifou e elaborou o fichamento e apresentar uma atividade ou sequência de atividades de leitura, discutindo os propósitos leitores com os colegas. Ao término das discussões, colha as impressões dos professores e estimule-os a trabalhar com os alunos os procedimentos de estudo que foram exercitados.

sábado, 29 de maio de 2010

Como elaborar diagramas e resumos | Gestão Escolar | Nova Escola

Como elaborar diagramas e resumos

No segundo módulo do projeto de formação de professores em leitura em todas as áreas, conheça outros doisprocedimentos de estudo que ajudam a entender qualquer tipo de texto

Para estudar, o aluno precisa não só saber ler um texto mas também ter condições de entender seu significado. A elaboração de um resumo auxilia nessa tarefa e, por isso, esse gênero deve ser trabalhado em sala de aula, assim como os procedimentos para chegar a ele. É o que mostra este encarte desenvolvido com exclusividade para o projeto Ler em Todas as Áreas, de NOVA ESCOLA GESTÃO ESCOLAR, por Cláudio Bazzoni, assessor de Língua Portuguesa da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo.
Conheça as melhores maneiras de elaborar diagramas e esquemas que ajudam a organizar e hierarquizar as ideias, ponto de partida para a produção de resumos.

Projeto de formação Ler em Todas as Áreas

2º módulo: Diagramas e Resumos

Objetivo geral
Formar os professores de 6º ao 9º ano para o trabalho de leitura de textos informativos e o ensino de procedimentos de estudo.

Objetivos específicos
- Ensinar o aluno a estudar.
- Discutir situações didáticas de leitura em contexto de estudo.
- Refletir sobre estratégias que favoreçam o domínio de algumas práticas de linguagem ligadas ao estudo: fazer esquemas, diagramas e resumos.
- Conhecer bibliografia sobre gêneros de apoio à leitura.

Conteúdos do 2º módulo
Seleção, organização e registro de informações em situações didáticas de leitura e procedimentos de estudo (esquemas ou diagramas e resumos).

Tempo estimado
Dois meses.

Material necessário
O texto O Ensino do Resumo na Sala de Aula, de Isabel Solé, de Estratégias de Leitura, Ed. Artmed.

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Como elaborar diagramas e resumos | Gestão Escolar | Nova Escola

Formação continuada na escola | Gestão Escolar | Nova Escola

Formação continuada na escola

Cinco coordenadoras pedagógicas contam como encontram tempo, organizam a rotina, se capacitam, desenvolvem o chamado tato pedagógico e transformam a prática dos professores

Gustavo Heidrich. Colaborou Cinthia Rodrigues
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=== PARTE 1 ====
Ilustração: Bruno Lozich
Ilustração: Bruno Lozich
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Tempo para que os professores estudem. Um bom planejamento dos horários de trabalho coletivo. A presença de um formador que tenha a confiança e o respeito da equipe. Todos esses elementos fazem parte do que se chama de formação continuada - ou em serviço. Embora algumas redes ofereçam essa capacitação para os docentes, o melhor espaço para colocá-la em prática é na própria escola, sob o comando do coordenador pedagógico.
Bem estruturado, o aprimoramento profissional dentro do ambiente de trabalho é um dos mais eficientes instrumentos para a melhoria do ensino. Contudo, um estudo realizado pela Fundação Victor Civita em 2009 sobre as práticas eficazes de gestão escolar mostrou que, muitas vezes, a formação em serviço não passa de ficção. Mesmo nas redes que têm o horário de trabalho pedagógico coletivo, ele muitas vezes é desvirtuado e acaba servindo para qualquer outra coisa, menos discutir as questões enfrentadas pelo professor na sala de aula. Das 14 reuniões acompanhadas pelos pesquisadores, apenas quatro tinham a pauta baseada em problemas de aprendizagem - e, mesmo assim, não se aprofundaram nas didáticas específicas. NOVA ESCOLA GESTÃO ESCOLAR ouviu os especialistas e concluiu que há cinco aspectos essenciais para que a formação continuada aconteça e traga um bom resultado:
- Tempo Os horários de trabalho coletivo devem ser predefinidos, com duração suficiente para o desenvolvimento de estratégias formativas.
- Organização da rotina O dia a dia do coordenador deve priorizar o planejamento das reuniões formativas e as atividades como observação das aulas, seleção de referências teóricas e análise dos registros da prática dos professores para que os encontros reflitam as necessidades dos docentes.
- Conhecimento Para bem utilizar o horário do trabalho pedagógico, é preciso que o coordenador cuide da própria formação, estudando as novas didáticas e as teorias que embasam a prática docente.
- Tato pedagógico É como se denomina a junção de três capacidades: a de saber ouvir, se comunicar e se relacionar - fundamentais para estabelecer uma relação de confiança e respeito com a equipe.
- Transformação da prática A formação será tão eficiente quanto mais ela levar os professores a repensar e transformar sua maneira de ensinar para fazer com que todos os alunos aprendam.
Nesta reportagem, você vai conhecer cinco coordenadores pedagógicos que usam cada um desses aspectos a favor de uma formação continuada eficaz, cujos resultados chegam à sala de aula.

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Formação continuada na escola | Gestão Escolar | Nova Escola