SEGURANÇA PÚBLICA
Edição do dia 19/08/2010
19/08/2010 20h38 - Atualizado em 20/08/2010 14h46
Segurança é a terceira maior preocupação dos brasileiros
Na pesquisa do Ibope para o Jornal Nacional, o Nordeste é a região que mais se preocupa com a segurança pública, com 18%. Depois vêm o Sul, com 12%, o Norte-Centro-Oeste com 11% e o Sudeste com 10%.
Esta edição começa com mais uma preocupação dos brasileiros apurada numa pesquisa exclusiva encomendada ao Ibope. Depois de saúde e educação, a terceira na lista: segurança pública.
A repórter Sandra Moreyra mostra que esse tema se destaca na região que tem enfrentado os maiores índices de violência no país.
"Você sempre está com medo, sempre pensando o pior acontecer, porque é o que vê todo dia".
“Meu irmão foi executado. Eu jamais esperaria que isso acontecesse na minha família”.
“Chegou assim, matou eles, e pode matar o resto da família. Ninguém sabe quem foi nem por que”.
Histórias como essas, a gente ouve quase diariamente nas grandes capitais brasileiras. Mas os relatos são de Arapiraca, Alagoas. A cidade aparece, junto com a capital Maceió, no ranking dos dez municípios mais violentos do Brasil, de acordo com um dos mais completos estudos sobre o tema, feito pelo Instituto Sangari. Em relação ao assassinato de jovens, as duas ocupam os primeiros lugares.
O levantamento mostra ainda que a violência está migrando. Entre as dez cidades com maior taxa de homicídios, nove estão no interior.
“No Nordeste, aparecem municípios, polos de investimento. Municípios que se desenvolvem e, junto com esse desenvolvimento, atraem criminalidade”, disse o sociólogo Julio Waiselfisz, do Instituto Sangari.
O aumento da criminalidade fez mudar o comportamento dos moradores de Alagoas.
“Hoje, nós somos prisioneiros de nós mesmos. Não podemos sair e dizer que sei que vou chegar tranquila. Não, não existe”, disse Maria do Amparo.
Todos os dias, antes de anoitecer, os comerciantes fecham as portas. Não é o fim do expediente. É prevenção. O mercado do Geovane já foi assaltado seis vezes: “Dificilmente tem um dia pra não ter um assalto à mão armada aqui na cidade”.
Na pesquisa do Ibope para o Jornal Nacional, o Nordeste é a região que mais se preocupa com a segurança pública, com 18%. Depois vêm o Sul, com 12%, o Norte-Centro-Oeste com 11% e o Sudeste com 10%.
A perda de vidas é uma tragédia social. É também um prejuízo para a economia do país: R$ 57 bilhões por ano, no cálculo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
“O Estado termina gastando mais com segurança pública, com sistema prisional, com tratamento das vítimas da violência. Esses são recursos que eventualmente deixam de ser alocados em outros setores, como educação, na parte social, né?”, declarou o economista do Ipea, Daniel Cerqueira.
A vista de uma janela é o retrato da dor. Numa tarde quente de junho, o irmão e o sobrinho de uma mulher foram assassinados a tiros na porta de casa, em Arapiraca.
As investigações até agora não deram em nada. A família quer vender o imóvel, sair do bairro que um dia já foi um lugar tranquilo. “Não tem mais clima da gente morar aqui. Não dá mais”.
No Sudeste, onde o Ibope registrou o menor nível de preocupação com segurança, os homicídios estão diminuindo. São Paulo era o quinto estado mais violento em 1997. Uma década depois, virou o terceiro menos violento.
Cidade de Deus, Rio de Janeiro: a violência começa a fazer parte do passado, depois de ações conjuntas do Estado e da sociedade civil.
O comércio floresceu. Alexandre, que um ano e meio atrás tinha uma banca de camelô pra vender doces e balas, virou empresário. Montou um mercadinho e fica aberto dia e noite: “Está mudando, as pessoas estão vindo, estão frequentando mais”, disse.
A taxa de homicídios no Brasil, que cresceu no fim da década de 90, vem mostrando tendência de queda a partir de 2003.
No Piauí, outro sinal de transformação. Uma comunidade inteira se uniu pra enfrentar a violência e o crime. Há 15 anos, um padre italiano chegou a uma favela e, junto com os moradores, começou a mudar a cara do lugar. Ele morreu ano passado, mas as escolas, oficinas e projetos culturais continuam.
Não parece, mas um galpão que já foi um clube de festas, onde havia venda de drogas, prostituição, brigas e até assassinatos, e hoje é a oficina onde o pessoal aprende a fazer pão e produz pra padaria comunitária da Vila da Paz, que já foi um dos bairros mais violentos de Teresina.
“A transformação que a educação traz, ela não é comparável a nada. Ela é um dos agentes mais transformadores que existem no mundo. Veio esse projeto e mudou a vida, não só a minha, mas de muitos”.
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Jornal Nacional - Segurança é a terceira maior preocupação dos brasileiros
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